Curador da mostra ‘Queermuseu’ envia notificação extrajudicial a prefeito do Rio


No documento, Gaudêncio Fidélis usa avaliação feita positiva pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul para rebater acusações de que a exposição incita a pedofilia e a zoofilia Exposição Queermuseu contava com mais de 200 peças abriu em 15 de agosto e iria até 8 de outubro
Marcelo Liotti Junio/Divulgação
O curador da mostra “Queermuseu”, Gaudêncio Fidélis, vai enviar notificação extra-judicial ao prefeito do Rio, Marcelo Crivella. No documento, ele questiona as afirmações do chefe do Executivo municipal que, tanto em vídeo quanto em entrevistas, afirmou que a exposição incentiva a pedofilia e a zoofilia – o chefe do Executivo municipal proibiu sua exibição no Museu de Arte do Rio (MAR).
Em um texto divido em 28 itens, Gaudêncio menciona análise feita pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul. Nela, o órgão afirma que “as obras que trouxeram maior revolta em postagens na rede social não têm qualquer apologia ou incentivo à pedofilia, conforme manifestação pública, divulgada por diversos meios de comunicação, dos Promotores de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul com atribuição na garantia dos direitos da criança e do adolescente (…)”.
A “Queermuseu” se transformou em alvo de polêmica depois que o Santander Cultural interrompeu a exposição no último dia 8 de setembro. A instituição tomou a decisão depois de uma série de críticas feitas à mostra por internautas – segundo eles, algumas das mais de duzentas peças que constituíam a exibição incitavam a pedofilia.
Gaudêncio já se encontrava em tratativas com o MAR para trazer a exposição ao museu. No entanto, diante do posicionamento de Crivella, o Conselho do Museu de Arte do Rio, colegiado que administra o espaço, cancelou as negociações.
Existe a possibilidade, ainda em estudos, de a exposição ser levada à Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, quer a exposição Queermuseu/GNews
Reprodução GloboNews
No documento, feito pelo escritório de advocacia Nilo Batista Advogados Associados e assinado na segunda-feira (9), o curador cita os artigos da Constituição que garantem a liberdade de expressão e, sobre a interrupção da mostra em Porto Alegre, argumenta: “A atitude assumida pelo Banco Santander em Porto Alegre, encerrando precocemente a exposição, teve várias consequências drásticas e dramáticas para a história da arte brasileira. A principal delas é o prestígio ao obscurantismo, com imediatas demonstrações diárias de perseguição, censura a peças de teatros e outros eventos graves, sempre baseados em suposições fundadas no desconhecimento e no preconceito”.

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